domingo, 19 de abril de 2009

Flores

I


As flores dessa casa estão secas, não há mais seiva correndo nessas veias e a água deste jarro apodreceu. Precisamos jogar os restos fora, limpar o jarro que talvez ele dê um belo adorno na sala de estar, quem sabe em cima do móvel da televisão, ou então na mesinha de centro. Poderíamos deixar como porta objetos, guardar moedas ali dentro, ou então deixar que Clarice bata as cinzas de seu cigarro quando vier nos visitar. Vamos levem essas flores mortas para o lixo, o cheiro está empesteando o ar, Ele disse que chegará logo e é imprescindível que esse azedume não cheire nem na sala, nem nos quartos e nem na cozinha. Quando Ele chegar a impressão tem de ser outra, não pode ser como na primeira tarde que tomou chá conosco, ele deve ver que o lugar continua o mesmo, a estante, o sofá, as paredes um pouco mais amareladas, mas ainda assim as mesmas, o jantar, o jantar não deve ser o mesmo daquela noite. Tudo no seu devido lugar, só tirem essas flores. Ele precisa ver que elas não se encontram mais dentro do vaso, ele pode até perguntar por elas, mas não responderei, Ele precisa perceber que as flores não fazem mais parte do ambiente, coloquem o vaso em cima da mesinha e não digam nada, ouviram, nada. Vou tomar um banho, me arrumar e descer. Levem a água do vaso para meu banho.

2 comentários:

Mayra disse...

Não deixe de escrever, Murillo!

marcela primo disse...

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Por que parece que fui eu quem escrevi?

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