segunda-feira, 27 de julho de 2009




esse curta é simplesmente poético, lindo e sutil!

terça-feira, 21 de julho de 2009

São tantas coisas para desabafar que eu chego a pensar em como seria explodir, quem sabe até morrer. Os dias não estão da forma que deveriam ser, essa repugnância que nasce em mim pelo que me formou, essa falta de ousadia e coragem em dizer adeus, esse retrospecto do que já tinha que ter passado me colocam em parafuso.
Essa tarde ao assistir "Milk-a voz da igualdade", do Sean Penn, eu deixei que algumas das inquietações do personagem principal me invadissem, eu olhei para a vida e me bateu um medo de chegar aos 50 anos sem ter feito nada que eu me ogulhasse, sem ter feito nada de importante ou de relevante, sem ter modificado minimamente o mundo.
Por conta disso refleti sobre algumas frutrações, uns trabalhos furados, uma graduação que não condiz com a minha necessidade, uma arte que me foi imposta e que eu não me sinto efetivamente como um artesão dela. Estou mergulhado num ranso, numa merda que a cada dia fica mais fedida. Será que é tão difícil de ver e prosseguir?
Eu preciso dar passos importantes na minha vida, aceitar que o passado é passado e que esse presente que insiste em rememorar aquilo que me faz homem precisa ser deixado de lado. Eu necessito do crescimento, eu quero poder planejar a minha vida sem depender das instituições que tanto me pressionam. Tudo isso é uma morte lenta e cruel, é uma pesistência num não sei o que. Onde está o meu presente, não digo nem do futuro, mas o que eu estou fazendo com o meu presente?O que de hoje vai virar passado para ser relembrado? As mesmas coisas de anos atrás?
Eu preciso mudar, eu quero crescer, eu quero poder sentir que eu fiz algo de útil para o mundo, mas sinceramente eu não sei como.

domingo, 19 de julho de 2009

“Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.”

Caio Fernando Abreu