segunda-feira, 10 de agosto de 2009
um texto febril num momento gripado.
domingo, 9 de agosto de 2009
Ai
Deu meu coração de ficar dolorido
Arrasado num profundo pranto
Deu meu coração de falar esperanto
Na esperança de ser compreendido
Deu meu coração equivocado
Deu de desbotar o colorido
Deu de sentir-se apagado
Desiluminado
Desacontecido
Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado
Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
De um coração trespassado
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Pode me dar (Luiza Possi)
Uma luz, pode fazer tudo mudar
Só você pode me dar
Uma luz, pode fazer tudo mudar
Mal chego de manhã
Acho tudo estranho
Tudo fora do lugar
Sol? De que vale o sol?
Preciso de sombra e água fria
É muita ironia e má vontade do destino
Que nunca deixa a gente se encontrar
As nossas mãos vazias modelando fantasias
Eu fecho os olhos pra te encontrar
Só você pode me dar
Uma luz, pode fazer tudo mudar
Só você pode me dar
Uma luz, pode fazer tudo mudar
Se eu tento viajar
Só mudo o cenário da tristeza
Dói, longe imaginar a luz do seu quarto ainda acesa
É muita gentileza perceber que eu estou sofrendo
Você podia me telefonar
Do alto do avião eu vejo o Rio iluminado
Em qual desses caminhos te achar? (te achar?)
Só você pode me dar
Uma luz, pode fazer tudo mudar
Só você pode me dar
Uma luz, pode fazer tudo mudar
terça-feira, 21 de julho de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
Caio Fernando Abreu
domingo, 19 de abril de 2009
Flores
As flores dessa casa estão secas, não há mais seiva correndo nessas veias e a água deste jarro apodreceu. Precisamos jogar os restos fora, limpar o jarro que talvez ele dê um belo adorno na sala de estar, quem sabe em cima do móvel da televisão, ou então na mesinha de centro. Poderíamos deixar como porta objetos, guardar moedas ali dentro, ou então deixar que Clarice bata as cinzas de seu cigarro quando vier nos visitar. Vamos levem essas flores mortas para o lixo, o cheiro está empesteando o ar, Ele disse que chegará logo e é imprescindível que esse azedume não cheire nem na sala, nem nos quartos e nem na cozinha. Quando Ele chegar a impressão tem de ser outra, não pode ser como na primeira tarde que tomou chá conosco, ele deve ver que o lugar continua o mesmo, a estante, o sofá, as paredes um pouco mais amareladas, mas ainda assim as mesmas, o jantar, o jantar não deve ser o mesmo daquela noite. Tudo no seu devido lugar, só tirem essas flores. Ele precisa ver que elas não se encontram mais dentro do vaso, ele pode até perguntar por elas, mas não responderei, Ele precisa perceber que as flores não fazem mais parte do ambiente, coloquem o vaso em cima da mesinha e não digam nada, ouviram, nada. Vou tomar um banho, me arrumar e descer. Levem a água do vaso para meu banho.